Competência emocionais
Educação não se resume apenas a qualificação técnica. É preciso pensar na formação comportamental que os alunos estão recebendo.
Tão importante quanto o aprendizado técnico, trabalhar a competência emocional se tornou uma necessidade. Do que vale um profissional preparado tecnicamente e intelectualmente, se ele trava quando é pressionado, ou não sabe ouvir a opinião dos outros?
Segundo Paty Fonte, educadora especialista em Pedagogia de Projetos e Educação Infantil, no Brasil o assunto passou a ser mais difundido a partir da contribuição de autores consagrados como: Augusto Cury e Gabriel Chalita.
Ela explica que existe um grupo de profissionais engajados e que compreende a importância do trabalho baseado nas competências sócio emocionais desde a mais tenra idade. Entretanto, ainda é a minoria. Na prática da sala de aula, no cotidiano das escolas, se prioriza a intelectualidade e o desenvolvimento cognitivo.
Para ela, infelizmente, muitas escolas até utilizam livros didáticos, cadernos e avaliações escritas nas classes de Educação Infantil. Com isso, mecanizam atividades e perdem ou diminuem o tempo precioso do brincar, da exploração artística, das trocas de experiências por meio de rodas de leitura, conversas e desenvolvimento de projetos inter e transdisciplinares.
“Pesquisa feita pela Universidade de Harvard mostra que inteligência emocional faz mais diferença do que tirar boas notas. Há cinco anos pesquiso a respeito deste tema e posso afirmar que não pensar nisso pode causar problemas seríssimos no futuro das crianças”, diz Paty.
Criança integral
De acordo com Paty cada criança deve ser percebida e interpretada como um ser único, como alguém que está chegando de um sistema privado de educação (a família) para um sistema público de educação (a escola).
A criança vai aprender a conviver nesse sistema público, mas não vai aprender a ser igual, pois não chega vazia. Mesmo os bebês já possuem conhecimentos prévios e uma personalidade ímpar em desenvolvimento.
“É fundamental perceber cada criança como única no meio dos vários alunos na classe, o que dificilmente acontece se padronizamos e massificamos as ações, colocando sempre todos realizando as mesmas tarefas.
É preciso que o (a) educador (a) seja um observador atento que ofereça às crianças tempo para viver, para brincar livremente, para experimentar, perceber, comparar, sentir, pensar, buscar palavras, expressar, ouvir e tantas outras coisas necessárias para sua vida”, diz ela.
Inteligência Emocional
A inteligência emocional é formada por um conjunto de competências relacionadas à capacidade de administrarmos de forma adequada às próprias emoções e, também, as alheias (das pessoas com as quais convivemos). Assim sendo, é importante trabalhar 5 eixos:
- Consciência emocional;
- Adequação emocional;
- Autonomia emocional;
- Habilidades sócio emocionais;
- Habilidades para a vida e o bem-estar.
Embora seja a família a principal responsável, aquela que exerce o papel imprescindível na educação emocional de crianças e jovens, Paty comenta que algumas iniciativas em escolas têm sido realizadas com sucesso.
“A falta de tempo para se dedicar aos filhos e o receio de produzir crianças reprimidas está gerando uma grande quantidade de crianças mal-educadas e emocionalmente menos aptas. Aceitar frustrações, opiniões contrárias, tolerando as sem explodir ou se desesperar; perseverar para alcançar objetivos apesar de obstáculos e dificuldades – são sinais de que a pessoa é adequada emocionalmente”, afirma.
Por isso, a especialista explica que a melhor maneira de tornar as pessoas mais inteligentes emocionalmenteé começar a educá-las quando ainda são crianças. “A crise que a humanidade vive hoje, com aumento da criminalidade, violência e infelicidade é o reflexo de uma cultura que se preocupou apenas com o intelecto, esquecendo o lado emocional da pessoa”.
Dentro das escolas, Paty aconselha aproveitar a variedade de experiências e opiniões para desenvolver atividades em equipes, onde todos trabalham igualmente e precisam: ouvir, argumentar e contra-argumentar, dividir responsabilidades e unirem-se para ter um resultado satisfatório.
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